O Ciclo de Tertúlias “Debater a Educação, Perspetivar o Futuro” terminou ontem, dia 8 de julho, com a 6ª tertúlia, dedicada ao tema “A Educação através das Artes”, que teve início às 18h30, no bar da sede do SPM. Desde outubro, foram percorridas diversas localidades: São Vicente (30 de outubro de 2015), Santana (15 de janeiro de 2016), Zona Oeste (19 de fevereiro de 2016), Machico (15 de abril de 2016) e Porto Santo (13 de maio de 2016). Sempre em ambientes informais e descontraídos, promoveu-se a troca de ideias e o convívio entre os docentes e todos os que quiseram dar os seus contributos para se repensar a Educação da RAM.
No evento de ontem, participaram como convidados Henrique Amoedo, professor e diretor artístico do grupo “Dançando com a Diferença”; Micaela Martins, professora e co-coordenadora do grupo de teatro “O Moniz – Carlos Varela”, da Escola Secundária Jaime Moniz; Marco Vasconcelos, professor e responsável pelo Atelier de Artes Plásticas do Estabelecimento Vila Mar; Marta Faria Capelo, professora de Educação Musical. Todos eles com provas dadas na educação artística de crianças e jovens nas suas áreas. A moderação esteve a cargo de Sandro Nóbrega, professor de Português do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, e também ator e formador do “Contigo Teatro”.
Henrique Amoedo foi o primeiro convidado a intervir, falando da arte como amor e da sua concretização no projeto de dança que vem dinamizando com crianças e jovens com necessidades educativas especiais, projeto que muito tem contribuído para o desenvolvimento integral dos elementos do grupo e para a sua integração social. Seguiu-se-lhe Micaela Martins, professora da Escola Secundária Jaime Moniz, que apresentou o projeto de teatro desenvolvido com os alunos da sua escola e a importância que este trabalho tem tido na vida dos envolvidos, levando, inclusivamente, alguns a optar por cursos de teatro no Ensino Superior. Marco Vasconcelos, por sua vez, mostrou a paixão pelo trabalho que vem realizando com crianças consideradas “o lixo” da sociedade e a satisfação profissional que sente quando constata que, através da Expressão Plástica/Pintura, aquelas crianças desprezadas conseguem exprimir as suas emoções e tornar-se bem mais normais do que quem as despreza pela sua condição de desfavorecidos sociais. Marta Faria Capelo disse ter dois projectos artísticos: o da música instrumental e canto, onde, através da dinamização de um coro infantil de crianças com problemas diversos, promove a sua integração social, e o das aulas individuais de vários instrumentos musicais para crianças. Falou, também, da importância do papel dos professores como pedagogos, e não como técnicos, como elementos fundamentais no despertar das capacidades artísticas de qualquer ser humano, independentemente da sua idade ou condição social.
Esta tertúlia, para além das muitas intervenções emocionadas dos participantes, contou com alguns momentos surpresa, que revelaram os dotes artísticos de vários jovens e mostraram que a arte liberta as emoções não só dos artistas mas também de quem assiste ao vivo à sua atuação. Na verdade, foi com satisfação e muita emoção que todos acolheram os desempenhos dos bailarinos Ana Maria Gouveia e Tomás Soares, campeões regionais e vice-campeões nacionais de danças latinas; dos atores Cristiana Silva, Carolina Silva, Catarina Silva e José Acosta, do Grupo de Teatro “O Moniz – Carlos Varela”; e da cantora Clarisse Líbano, da Escola Secundária de São Vicentes.
Esta tertúlia confirmou que “a educação através das Artes é imprescindível para as crianças e os jovens porque elas promovem a criatividade, a sensibilidade, o pensamento crítico, capacidades fundamentais para uma cultura de igualdade e de responsabilidade social e condições essenciais para o desenvolvimento integral do indivíduo. Pela sua natureza holística, a educação através da arte pode, quando direcionada para a educação para a cidadania e para os valores, transformar o currículo e recriar a escola por meio de projetos transdisciplinares, quebrando as barreiras entre áreas do saber e proporcionando espaços únicos de aprendizagem. No entanto, para que tal aconteça é preciso rever e reformular os paradigmas atuais da educação e as abordagens da educação através da arte e, sobretudo, apostar mais na formação de educadores e professores”.
No término deste Ciclo de Tertúlias, a diretora do Centro de Formação do SPM concluiu que os objetivos pretendidos com esta iniciativa foram alcançados, pois promoveu a descentralização da oferta formativa do SPM e o aprofundamento do debate de temas fundamentais da Educação; por outro lado, proporcionou momentos de convívio e de confraternização entre dirigentes do SPM, sócios, docentes de vários concelhos, personalidades com responsabilidade na educação da RAM e cidadãos em geral interessados nas questões educativas.
Texto/Notícia: Micaela Santos
Fotografias: Jackeline Vieira