O espetáculo do mundo: entre a ficção e a história

6 Dez

JUSTIFICAÇÃO

“José Saramago: o espetáculo do mundo, entre a ficção e a história” é uma proposta de abordagem à didática da obra O Ano da Morte de Ricardo Reis.

Neste romance, publicado em 1984, José Saramago recria o heterónimo de Fernando Pessoa e reconstrói a identidade imaginária de Ricardo Reis, que é a personagem central do livro, mas também Fernando Pessoa, o seu criador, ocupa um lugar preponderante na ação, a qual se situa historicamente em plena época da consolidação da ditadura salazarista (anos 30 do século XX).

Ricardo Reis, com a sua posição perante a vida, vai permanecendo impassível aos acontecimentos da história oficial da época, tal como deixa antever uma das epígrafes do romance, tomadas de empréstimo de uma das suas odes: “Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”. Então, através da visão crítica do seu narrador, Saramago revisita o ano de 1936 e coloca Ricardo Reis à prova perante os acontecimentos vividos em Portugal e na Europa.

Como a obra O Ano da Morte de Ricardo Reis integra o Programa de Português/Metas Curriculares do 12.º Ano e será de leitura obrigatória nos anos letivos de 2017/2018 e 2018/2019, nesta ação de formação será proposta uma leitura didática da mesma, incluindo, principalmente, as temáticas com grande importância na narrativa, como a recriação do contexto histórico dos anos da década de 1930, a deambulação geográfica e viagem literária, a representação do amor, a construção e o discurso romanesco, a estrutura narrativa e a intertextualidade (sobretudo com Fernando Pessoa e Luís de Camões).

Esta ação de formação tem como propósito aprofundar e alargar conhecimentos científicos e didáticos que estimulem práticas pedagógicas atualizadas e motivadoras, tendo como objeto de análise as características do romance contemporâneo e dos temas subjacentes à leitura integral deste romance.

Os formandos que se propuserem à frequência desta ação de formação ficarão, certamente, enriquecidos com propostas e sugestões de abordagem didática para o estudo do romance, através da dinamização de conteúdos programáticos obrigatórios e de estratégias motivadoras, num contexto teórico-prático com vista às futuras aulas de Português.

DESTINATÁRIOS

Professores dos grupos 300, 320, 330 e 350

METODOLOGIA

As sessões da ação de formação terão sempre dois momentos devidamente articulados: exposição de natureza teórica das temáticas, de carácter introdutório; leitura comentada de excertos selecionados e exemplificativos do romance e, quando pertinente, de textos teóricos de José Saramago ou de outros autores.

Ainda serão apresentados vídeos, áudios, sítios da internet e imagens sobre a obra. Também haverá momentos de diálogo e comentário dos temas abordados. Assim, as sessões serão de natureza teórico-prática.

Serão fornecidos documentos de apoio, nomeadamente os indispensáveis da biografia para o enquadramento das temáticas abordadas.

CONTEÚDOS E DISTRIBUIÇÃO HORÁRIA

1. Introdução ao estudo integral da obra O Ano da Morte de Ricardo Reis. (4 horas)
1.1. Programa de Português (12.º Ano) e dificuldades iniciais.
1.2. Apresentação breve do autor e inserção do mesmo no panorama literário português contemporâneo.
1.3. Contexto histórico, cultural e político da década de 1930.
1.4. A ficção (re)cria a história.
2. Estrutura narrativa de O Ano da Morte de Ricardo Reis. (4 horas)
2.1. Génese e fontes do romance.
2.2. Título, epígrafes, abertura e fecho do romance.
2.3. Narrador, espaço e tempo do romance.
2.4. Perfil do herói, Ricardo Reis, e conceção das personagens principais.
3. A deambulação geográfica e viagem literária. (1 hora)
4. A representação do amor. (1 hora)
5. Amplitude intertextual: Luís de Camões, Cesário Verde e Fernando Pessoa. (1 hora)
6. Linguagem, estilo e discurso(s). (1 horas)
7. Classificação tipológica do romance. (1 hora)

AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS

Os formandos serão avaliados conforme estipulado na Carta Circular CCPFC -3/2007 do Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua: «Excelente – de 9 a 10 valores; Muito Bom – de 8 a 8.9 valores; Bom – de 6.5 a 7.9 valores; Regular – de 5 a 6.4 valores; Insuficiente – de 1 a 4.9 valores.»

Os formandos serão ainda avaliados tendo em conta os seguintes parâmetros:
– Avaliação contínua: interesse demonstrado; participação ao longo das sessões de formação – 30%.
– Trabalho final: elaboração de um trabalho escrito final – 70%.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *